quarta-feira, 26 de maio de 2010

O Anglicismo Sob o Ponto de Vista das Revendedoras da Avon

Foram entrevistadas vinte e uma revendedoras com experiência em vendas de cosméticos da Avon, que variam entre seis meses á dezoito anos, como podemos conferir na tabela abaixo:

Menos de um ano (5), De um à dois anos (3), De dois à cinco anos (6), De cinco à dez anos (2), Mais de dez anos (5), Total de revendedoras (21).

As revendedoras foram questionadas sobre quais eram suas impressões em relação ao uso dos estrangeirismos no momento da venda dos produtos, ao perguntar se elas tinham algum tipo de prejuízo nas vendas pelo fato da maioria dos cosméticos terem nomes estrangeiros, 28,5% disseram que sim e 23,9% disseram que somente às vezes isso atrapalhava, contra 47,6% que declararam não ter nenhum tipo de problema em vender os cosméticos por terem nomes de origem inglesa. As revendedoras que disseram ter problemas, afirmaram que o único fator negativo era não saberem pronunciar corretamente os nomes dos produtos.
Quanto à pronúncia dos nomes estrangeiros, 80,9% das entrevistadas confessaram não saber como falar corretamente os nomes da maioria dos produtos que vendem, e disseram que apesar disso, os consumidores não se importavam, pois muitas vezes, nem mesmo eles sabiam reproduzir corretamente os nomes dos produtos que queriam comprar, e que eles inventavam outras formas de se referir ao produto.
Um dos produtos que a maioria das revendedoras disseram não conseguir pronunciar o nome foi o do lançamento da linha Renew Reversalist :

Outra curiosidade é a forma inovadora que elas encontraram de se referir a um determinado produto para compensar a dificuldade da pronúncia. Produtos como o desodorante Duration, os perfumes, Blue Rush, Iron Man, Bond Girl, entre outros, são facilmente pronunciados por elas, da mesma forma como se lê em português: [duɾathiõ], [blui huʃi], [iɾõ mã], bõdʒi giu], sem se preocupar com a fonética da língua inglesa; ou então, são referenciados por suas características, como cor do perfume, formato do frasco, embalagem, etc.
Por esse motivo, ao perguntar se o fato dos nomes serem estrangeiros facilitavam o relacionamento com o cliente, as opiniões ficaram muito equilibradas, 38,1% disseram que facilitavam e 38,1% disseram que não facilitavam já 23,8% das revendedoras afirmaram que isso era indiferente, em contra partida 85,7% delas afirmaram que os clientes se sentem mais importantes por estar comprado um produto com nome estrangeiro, reafirmando que o único problema era um certo desconforto na hora de pronunciar os nomes. Como aponta Zilles:
No campo das mudanças linguísticas, os empréstimos de palavras ou expressões são em geral associados a atitudes valorativas positivas do povo que os toma em relação à língua e à cultura do povo que lhes de origem. Muitas vezes são utilíssimos à elite, que assim se demarca como diferente e superior (...). Outras vezes, são felizes incidências na constituição identitária e cultural de um povo (...) (ZILLES, 2004, p. 156).
Outro ponto abordado foi, o que as revendedoras achavam sobre a possibilidade dos nomes dos cosméticos serem repensados e 61,9% disseram que não deveria mudar, porque os clientes já conhecem bem os produtos e estão acostumados com esses nomes, e a mudança poderia despertar o desinteresse por parte dos consumidores. Essa declaração deixa claro a observância das revendedoras quanto ao sentimento de ascensão despertados por se ter a impressão de estar consumindo um produto importado dos Estados Unidos.


Observe que apesar de haver uma grande resistência das revendedoras entrevistadas em relação a manter os nomes dos produtos em língua estrangeira e a dificuldade de pronuncia que apresentaram, a maioria delas acha que os clientes se sentem mais importantes por estarem comprando produtos com nomes de origem anglicista.

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